quarta-feira, 6 de outubro de 2010

DPP – Depressão Pós-pleito

Não sei bem se é este nome correto para o sentimento dos últimos dias mas, decidi por definir assim a sensação.
O fato é que nunca me envolvi tão a fundo nas discussões em torno das eleições como neste ano. Culpa, ou consequência, do uso do twitter, essa ferramenta de informação que me deixou encantada desde o primeiro dia.
Procurei, desde o início, equilibrar, em número, pelo menos 3 tipos de perfis para seguir: Dilmistas, Serristas e Marinistas. Mas, no twitter, o equilíbrio não acontece assim. A dinâmica do microblog é única e, muitas vezes, fui obrigada a dar unfollow em algumas pessoas que, sozinhas, ocupavam a minha timeline com RTs de posts favoráveis aos seus candidatos (só quem é “twitteiro” é que vai entender).

Foi um exercício e tanto! Me forcei a lutar contra a urgência de deixar de seguir aqueles que postavam textos raivosos, baixarias e conteúdos de veracidade duvidosa. Me obriguei a continuar lendo todo tipo de lixo que encontrava pela frente, nos links anexados. Em alguns momentos me peguei sem ar e percebia que, de forma involuntária, estava lendo trancando a respiração.
Não, não sou masoquista. O que pretendi foi deixar que algo me agredisse para entender porque me sentia agredida. Em muitos casos foi pela falta de respeito às pessoas, pela injustiça, mas também percebi que outros textos me agrediam apenas porque afirmavam verdades diferentes daquelas em que creio. Isso aconteceu com os textos melhor fundamentados, que usavam da razão para expor e lançar dúvida sobre certos conceitos fechados.

Em relação aos candidatos locais, conheci e li o que encontrei na rede sobre os da minha região. Torci e divulguei uma campanha pelo voto nestes candidatos, de modo a garantir maior representatividade na Assembléia do meu estado e no Congresso Federal. Meu sentimento era de confiança. Apesar de, por um lado, me esforçar para entender diferentes pontos de vista, por outro imaginava que todos estivessem fazendo o mesmo que eu e chegando às mesmas conclusões.

A decepção chegou no mesmo dia, ao encerrar o 1º turno das eleições. Os candidatos que tinha como vitoriosos fizeram tão parca votação que não valem nem o convite pra uma Secretaria de Estado. Os nomes envolvidos em escândalos voltaram a ser campeões de voto em todo Brasil e, a maioria das pessoas da família, do escritório e do círculo de amizades, contou morrendo de rir que errou, pelo menos, um dos votos na urna eletrônica.

Entendi que a democracia ainda não é a DEMOCRACIA. Entendi que o DEMO não se sente no direito e no dever de ser CRACIA. Entendi que a falta de informação é razão de desinteresse pela informação ou até de critérios para chegar à ela. Em tempos de internet, do acesso à maioria das informações que necessito, continuo cada vez mais só, apesar dessa busca tão intensa de integrar-me sem deixar que as idéias me separem do respeito, da lealdade e da solidariedade à pessoa humana.

Cheguei à conclusão que, quanto mais eu tento, pior fica.
Sim, eu estou com DPP - Depressão Pós-pleito!

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