sábado, 27 de abril de 2013

O Legado de Bell

"Não é a palavra fácil/ que procuro./ .../ Procuro a palavra fóssil./ A palavra antes da palavra./ .../ Esta que me antecede / e se antecede na aurora/ e na origem do homem".
Que bela descrição do esforço do poeta para libertar um sentido.
Falar sobre poesia é falar de arte, e a arte, em todas as suas formas é sagrada. E ao contrário do que muitos pensam, expressar-se através de poesia não é privilégio de uns poucos. Todo ser humano tem em si a beleza poética. Acontece é que, grande parte dos poetas, jamais ousou mostrar seus ensaios, seja por timidez ou por medo de ser ridicularizado ao revelar suas emoções.
É que pra escrever poesia é preciso deixar aflorar o que está dentro do peito. Talvez por isso, os poetas estejam sempre sendo associados ao sofrimento. Porque quando sofremos, buscamos a solidão, e nossa companhia passa a ser o papel. Mas a arte de brincar com as palavras, formando frases que revelam um sentido é a maneira mais perfeita, mais próxima de comunicar ao outro o que vai dentro da gente.
O poeta Lindolf Bell escreveu: “O poema sai do estado de tensão e passa a viver, quando cria um estado de comunicação”.
E essa busca de compreensão através da palavra deve ser incentivada.
É preciso resgatar a língua portuguesa com seus milhares de verbetes, ensinar ao jovem e a criança os diferentes sentidos até de sinônimos. Não existem apenas as palavras: legal e chato, para definir tudo e todos.
A poesia precisa dos recursos da língua para atingir seu objetivo de aproximar as pessoas.
Não raro nos identificamos com o sentimento do autor ao lermos uma frase. É isso que nos faz sentir iguais, saber que nesse mundo competitivo, existem outros, que como nós, se sentem frágeis, inseguros e que questionam o sentido da existência.
É hora de evocar o legado de Lindolf Bell, que levou a poesia às ruas da maior metrópole brasileira, na década de sessenta, com a Catequese Literária. Bell quis dizer a todos que é preciso tirar os ensaios da gaveta, que a emoção da poesia pode ser declamada, que gestos, tons de voz, choro e risos, expressão do corpo e da face enriquecem o sentido da palavra escrita. Ele provou que a poesia declamada sempre encontra corações e mentes sedentos de beleza e de arte, mesmo em nosso conturbado dia-a-dia.
Vá em frente!
E quando alguém lhe chamar de piegas, incentive essa pessoa a escrever. É muito provável que ela esteja com inveja por achar que não tem alma de artista como você.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Esperou o marido com uma saia curta, sapatos de salto alto e maquiagem.
O batom ela escolheu igual ao da mancha na camisa.
#microconto


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

''Quando a viu sentiu a pontada no peito.
Morreu pensando que era amor.''

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dia sem Carro


Hoje, para participar do "Dia Mundial sem Carro", saímos caminhando para almoçar.
O passeio, com a temperatura de primavera, só não foi mais agradável por falta de calçadas.
O problema nem foi caminhar na lama ou em piso irregular, o maior risco é a velocidade dos carros na rua das Missões, agravado pelo estreitamento da área destinada aos pedestres por muros das propriedades.
Se for impossível deixar o carro em casa, que se diminua a velocidade priorizando a segurança de quem está caminhando.
Nada mais agradável que poder ver a paisagem com calma e deparar-se com coisas engraçadas como a placa abaixo... rs.



Depois de algumas décadas, almoçamos no Tunga. Tomamos o cafezinho no Go Getter e caminhamos pela Rua XV até o Teatro Carlos Gomes. Quando pensamos em sentar nos bancos da praça, percebemos, mais uma vez, como a sombra das árvores faz falta. Vi idosos e mulheres com crianças de colo procurando os bancos pra sentar e organizar a bolsa, documentos ou apenas descansar, e desistindo por causa do calor do sol.

Também vi um depravado chamando toda adolescente que passava pelo local, principalmente as de uniforme de um Colégio próximo. O mesmo não acontecia com mulheres bonitas que passavam pelo local. Ele estava interessado nas meninas de 13 ou 14 anos. Fiquei em dúvida se chamava a polícia. Será que atenderiam a ocorrencia?

Bem, este é o registro do "Dia sem Carro" de 2011.
Muito bom sair da rotina.
Por mim, o almoço, poderia ser sem carro todos os dias...

Miniconto



Descascou a manga e teceu os fiapos.
Ao cozer a blusa constatou que faltou pano pra manga.
Discutiu com o marido dias a fio até completar o que faltava.
Luzia estreou no inverno seu lindo blusão ensolarado.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cada momento ao teu lado tem a vibração, a intensidade e o timbre da nota do teu riso.
O marido adorava lhe comprar sonhos.
O casamento acabou porque ela enjoou de doce.